sexta-feira, 18 de março de 2011

QUE CARNAVAL É ESSE?

No Brasil, no final do século XIX, começaram a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos "corsos". As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Está ai a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais. No século XX, o carnaval foi crescendo com a ajuda das marchinhas carnavalescas. As músicas deixavam o carnaval cada vez mais animado. Mas é uma balela dizer que o carnaval é genuinamente brasileiro, pois sua verdadeira origem esta no entrudo português (folguedo carnavalesco), onde, no passado, as pessoas jogavam uma nas outras, água, ovos e farinha. Personagens como a colombina, o pierrô e o Rei Momo também foram incorporados ao carnaval brasileiro, mas são de origem européia, mais propriamente na França. O carnaval adquiriu o sinônimo de plena liberdade, onde as pessoas se permitem os excessos que reprimem por todo o ano.

Avaliemos as atitudes e comportamentos dos que participam destas festividades, onde a idéia de liberdade e de igualdade está amplamente estimulada pelo excessivo consumo de álcool (e outras drogas), levando as pessoas a agirem fora de seus padrões normais e morais (...). Todos os anos, após os festejos, surgem pesquisam indicando e confirmando moléstias graves se instalando, em números superlativos, tais como as DSTs., com os comportamentos morais se alterando sob o açodar dos apetites desmedidos. Distúrbios afetivos surgem após tais ilusões que passam. Homicídios tresvariados. Suicídios alucinados. Morte por abuso de drogas e centenas de acidentes nas estradas, com mortes. Tudo isso justificado sob os holofotes poderosos da mídia com a anuência de seus promotores, como sejam as do turismo, que deixa lucros nas cidades, porém com prejuízos de monta, em todos os níveis dos sentidos humanos. Vale à pena manter tal festividade? Não seria sensato e necessário, empregar tamanha dinheirama na assistência social aos necessitados, da nossa saúde (da cidade de Tupã-SP) empobrecida pela visão estreita e corrupta de nossos governantes? Até quando vamos manter expressiva incoerência humana diante da vida? Dizem que o carnaval é uma festa popular. Isso é lorota. Pouca gente ganha, mas ganha muito, com esta festa. Não é diferente o fato em nossa cidade. Em muitos lugares, se pagam fortunas para artistas garantirem o circo a uma população miserável que não tem sequer o pão à mesa. Vale à pena pagar o preço de tamanho descalabro?

Vejamos a questão das músicas. Em detrimento da boa música nós ouvimos “o melo da mulher maravilha”, e a banda que animava o carnaval de nossa cidade (TUPÃ-SP) pedindo para que “levantassem a mão e gritassem quem já foi corno” (não fosse trágico seria cômico). Dirão que isso é descontração, alegria. Então perdemos o senso do que é diversão e alegria. Outro detalhe curioso. A disponibilidade de ambulâncias e assistência médica para atender a quem? Em geral a maioria bêbados e valentões que se metem em confusão, mas justificadas para atender a quem apresentar algum problema de saúde. A policia militar esteve em peso na festa, incluindo a cavalaria, para garantir a ordem e a segurança durante o carnaval: “Está muito seguro. Acredito que está valendo a pena fazer desta forma. Tanto que estou vindo aqui com minha esposa”. “Estão sendo muito cautelosos para o ingresso na avenida e quando há alguma dúvida, eles fazem a revista respeitosa, sem problema algum”. “Para a segurança do carnaval de rua a nota que eu dou não é nem dez, é mil”, justificam os foliões. E, no dia-a-dia, falta segurança para o cidadão de bem exercitar o simples direito de ir e vir. Tudo tão bem “seguro” que jovens menores de idade bebiam (e muito) e fumavam à vontade, com muita “segurança” diante de todas as autoridades. Leia atentamente: de todas as autoridades.

Outro fato lastimável. Os participantes urinaram nas ruas transversais e mesmo na avenida principal, com cheiro insuportável no dia seguinte. Que o digam os moradores destas ruas paralelas. Mas havia banheiros químicos dirão, não é culpa da organização. Pensemos. Se queriam dar proteção e segurança, precisavam cuidar de que tal não ocorresse, protegendo a população local do incomodo do fétido odor nos dias seguintes, pois é sabido que uma vez sob o efeito do álcool – e muito se bebia – o sujeito não é dono de seus atos... Por que o Conselho Tutelar (da cidade de Tupã-SP), não esteve, mais uma vez, presente nas noites de folia, para proteger os direitos das crianças e adolescentes, por exemplo, para fiscalizar a venda e a doação de bebidas alcoólicas para estes? Afinal de quem são estas responsabilidades? Tudo isso justificado porque o carnaval faz girar a economia, que pequenos comerciantes conseguem vender suas latinhas, seus churrasquinhos. E o restante do ano? Carnaval só dá lucro para proprietários de cervejarias, trios elétricos, cantores e bandas, no mais só prejuízos. Aliás, quanto nós gastamos com o carnaval e a sua segurança?

(*)“Você tem idéia de quanto o estado gasta para socorrer vítimas de acidentes causados por foliões embriagados? Quantos milhões são pagos em indenizações por mortes ou invalidez desses acidentes? Quanto o poder público desembolsa com procedimentos de curetagem que muitas jovens se submetem depois de um carnaval sem proteção que gerou uma gravidez indesejada”? Dirão, mas nós distribuímos 60 mil preservativos (em Tupã-SP) e porque não usaram? Distribuir algo não garante a eficácia da ação, pois em geral o jovem não sabe usá-lo. Faz bexiga para brincar durante a folia. Alias, se distribuíram 60 mil preservativos, estimando-se o público em aproximadamente cinco mil pessoas que estiveram presente na avenida, então cada um levou, em média, 12 preservativos (?). Ufa! Que sociedade é esta que investe tanto em festas carnavalescas em detrimento da saúde da população? O Carnaval já foi bom. Mas isso foi nos tempos de outrora. Muitos sairão em defesa dessa farra toda, principalmente seus promotores, pois acreditam que realizaram uma grande festa.

Eu lhes pergunto. Vão continuar promovendo essa farra com o dinheiro público (que é nosso) em detrimento de causas sociais mais urgentes como a saúde da população, infra-estrutura urbana, melhores sinalizações de transito, etc.? Que carnaval é esse?
(*)Rachel Sheherazade

VALCI SILVA
Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Membro do Comitê Técnico para o Enfrentamento de Tráfico de Pessoas.

2 comentários:

  1. (Anônimo, por enquanto)
    Quando li esse artigo tive a impressão de já ter lido algo parecido, chegando até a pensar estar enganado.
    No entanto, a suspeita inicial se confirmou quando acessei o blog da jornalista Rachel Sheherazade e li, novamente, o texto “Esperando a quarta-feira de Cinzas”, postado em 02 de março de 2011, quarta-feira, às 10h03m (http://rachelsheherazade.blogspot.com/2011/03/esperando-quarta-feira-de-cinzas.html).
    A partir daí, não tive mais dúvida.
    Além da utilização da ideia e da estrutura do texto de Raquel Sheherazade, frases inteiras sem qualquer fragmentação ou alteração foram inseridas no artigo “Que Carnaval é esse?”, postado por Valci Silva, em 18 de março de 2011, sexta-feira, 21h31m, sem que se tenha feito nenhuma menção ao nome da jornalista citada (http://valcipsicologo.blogspot.com/2011/03/que-carnaval-e-esse.html).
    Acredito que ao agir dessa forma, Valci Silva plagiou Rachel Sheherazade.
    PLÁGIO é o ato de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer natureza (texto, música, obra pictórica, fotografia, obra audiovisual, etc), contendo partes de uma obra que pertença a outra pessoa sem colocar os créditos para o autor original (http://pt.wikipedia.org/wiki/Pl%C3%A1gio).

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  2. Anonimo... Não haveria nenhum inconveniente se você se identificasse.
    De qualquer modo você tem inteira razão quanto à definição de plágio. No entanto, se obversar meu artigo verá que a fala da citada jornalista, a quem realmente pertence a minha citação, vem entre parênteses, o que significa que não pertence a quem está escrevendo. O que ocorreu foi um lamentável esquecimento da minha parte em citar a fonte. Observe meus outros artigos que cito, diversas vezes, as fala que não me pertencem, como o último que está publicado. Estou ao seu inteiro dispor. Grande abraço.

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