Sim torno-me imortal e cheio de pompa, a partir do dia 14 de novembro deste ano.
Após diversas reuniões e termos um norte, já que um dos membros fundadores é associado a outras tantas academias, Dr. Alcione de Alcântara, foi criada a Academia Tupãense de Letras, Ciências e Artes - ATLECA, que terá inicialmente 25 membros fundadores. Terei que escolher um patrono para minha cadeira, mas que ainda não tenho definido, o que ocorrerá em breve, pois avalio nomes de ilustres escritores de nossa nossa tão rica literatura. A posse será no dia 14 do corrente e ocorrerá com pompa no Portal das Estrelas - Tupã-Sp, com a presença de algumas celebridades da arte e da cultura de nosso país, além de convidados da nossa querida Tupã.
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
sábado, 24 de agosto de 2013
Narguilé: Lobo em pele de cordeiro
Quem já parou
pra observar rodas de jovens nos finais de tarde em praças, ou em frente às
casas, deve ter reparado em algo que se tornou muito comum: o uso do narguilé. “O
narguilé tem um cheiro que você até pode achar bom. Tem um sabor que até pode
agradar. Mas lá dentro, é outra história”. É com esse alerta que o INCA –
Instituto Nacional do Câncer, alerta para os problemas, especialmente, entre os
jovens adolescentes, na atual campanha antitabagismo, que será comemorada no
dia 29 de agosto, considerado o Dia Nacional de Combate ao tabagismo. São quase
300 mil consumidores no país. Mas o que é o narguilé? Conhecido como cachimbo
d’água, é vendido como peça de decoração e usado por jovens e adultos em festas
e eventos sociais. Também conhecido como narguilé ou shisha, é uma espécie de
cachimbo de água, por meio do qual o tabaco (geralmente aromatizado) é fumado
com o acréscimo de melaço (muessel, um derivado do açúcar). O fumo especial
para narguilés podem ter aromas variados, como de frutas, mel e flores, entre
outros. Parece inocente, mas o que muitos não sabem é que ele causa dependência
e, em longo prazo, câncer de pulmão, boca e bexiga, aterosclerose e doenças
respiratórias e coronarianas. Normalmente quem inicia o consumo do narguilé,
especialmente o jovem adolescente, desconhece seus efeitos e malefícios, assim
como as drogas em geral. Especialistas em doenças respiratórias advertem que 50
tragadas são suficientes para viciar. Por desconhecimento dos usuários, a
presença da água faz com que aspire ainda mais a fumaça, dando a impressão que
o organismo fica mais tolerante, o que é errado. Desse modo, a pessoa vai
inalando uma quantidade muito menor de toxinas, sem sentir tanto incômodo. É um
engano difundir a ideia de que o tabaco fumado com o narguilé seria menos
prejudicial do que o cigarro, pois estudos comprovam exatamente o contrário. A
suposição de que a água (ou qualquer outro líquido) absorveria a nicotina e
limparia a fuligem da queima do tabaco, filtrando-o, foram desmentidas. Como
qualquer outro produto derivado do tabaco, o narguilé contém nicotina e as
mesmas 4.700 substâncias tóxicas do cigarro convencional. Porém, análises
comprovam que sua fumaça contém quantidades superiores de nicotina, monóxido de
carbono, metais pesados e substâncias cancerígenas do que na fumaça do cigarro.
Além do tabaco é colocado carvão em brasa. A queima do carvão produz
substâncias cancerígenas, entre elas, o monóxido de carbono, potencializando os
riscos para seus consumidores. Apenas 5% das impurezas do tabaco são filtradas
pela água ou pelo líquido. Uma sessão fumando o narguilé – isto é, 10
miligramas (de tabaco) por 30 minutos – resulta em níveis de monóxido de
carbono 4 ou 5 vezes mais altos do que fumar um cigarro”. Segundo pesquisa realizada pela Universidade
de Brasília (UnB): uma sessão de narguilé equivale a nada menos do que fumar
100 cigarros. A quantidade de fumaça e substâncias tóxicas inaladas nos dois
casos é a mesma. Além disso, ao compartilhar o narguilé com outros usuários,
você se expõe a herpes e outras doenças da boca, hepatite C e tuberculose. O
uso frequente dos produtos derivados do tabaco causa também problemas de
fôlego, mau hálito, amarelamento da pele e envelhecimento precoce, mesmo em
usuários adolescentes e jovens. O fumante passa a ter dificuldades de praticar
esportes e outras atividades saudáveis de que gosta. Portanto, o narguilé não
tem nada de inofensivo. É prejudicial à saúde. E pode ser a porta de entrada
para a dependência do tabaco e de outras drogas. Segundo a lei 13.779 de 2.009
a venda do narguilé é proibida para menores de 18 anos no estado de São Paulo.
E partir de setembro de 2013 a comercialização de cigarros com aditivos, que
incluem sabor, será proibida como determinação de uma portaria da Anvisa. A
venda de fumo com sabor para narguilés, cigarrilhas e cachimbos terão seis
meses de tolerância e ficará proibida em março de 2014. 22% é a participação
das marcas de cigarros com sabor no mercado nacional. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo
é a principal causa de morte evitável em todo o planeta. No Brasil morrem 200
mil pessoas por ano e seis milhões de pessoas morrem no mundo devido ao uso do
cigarro. No Brasil, 75% dos fumantes começam a fumar antes dos 18 anos.
Adolescentes fumantes possuem alta probabilidade de se tornarem adultos
fumantes. Quanto mais cedo você entrar na dependência do tabaco, maior o risco
de contrair câncer e outras doenças crônicas não transmissíveis. Quanto mais
cedo você abandonar o vício mais fácil se torna, quanto mais tarde mais difícil
e consequentemente você sofrerá muito por esta negligência com sua vida.
Valci Silva
Diretor Deptº. Atenção a Saúde Mental, Álcool e Drogas.
Estância Turística de Tupã.
quinta-feira, 20 de junho de 2013
O Governo ainda não entendeu?
Então o povo brasileiro esta desenhando a realidade... O que está por detrás dessa onda de protestos, que ao poucos, vai ocorrendo em todo o país? Até minha cidade (Tupã-SP), ainda timidamente, aderiu ao protesto no último dia 17 do corrente, perto de uma centena de pessoas se concentraram em frente à câmara municipal e gritavam temas de ordem geral. Historicamente em nosso país, protestos nunca acabam muito bem. Mesmo quando se consegue alguns resultados como ocorreram nas "diretas já" e no "impeachment de Fernando Collor", além é claro do período militar que gerou a famigerada Revolução de 64, o povo paga caro, pois muitos políticos ainda continuam no poder além dos novos que chegaram, impõe ao povo muita dor e sofrimento. Mas como diz o ditado, não se faz omeletes sem quebrar ovos.
Desde o descobrimento ainda não conseguimos abandonar os embates e construirmos um país para todos, pois ele “pertence” em regra geral aos governantes de plantão e aos seus apaniguados, e à patuleia (o povo, a plebe), dão esmolas, não permitindo que alcancem acesso à educação, à saúde, ao bem estar, enfim ao crescimento. Estes políticos não se veem como empregados do povo e só usufruem do poder que o cargo lhes confere. Porém, não deixemos de reconhecer que nos últimos anos, os governos de FHC, Lula e agora a Dilma, criaram melhores condições para a realidade brasileira. “Essas mudanças, principalmente as da última década (dois governos Lula e o atual da Dilma), o perfil socioeconômico do país mudou – e muito (mas há muito por fazer). A principal novidade foi o fortalecimento da classe C, composta por famílias que têm uma renda mensal domiciliar total (somando todas as fontes) entre R$ 1.064,00 e R$ 4.561,00 - dados de 2009.”. Esse é o maior indicador de que ocorreu uma considerável mobilidade social entre os anos 2004 e 2010, com 32 milhões de pessoas ascendendo à categoria de classes médias (A, B e C) e 19,3 milhões saíram da linha da pobreza”.
Diante da nova realidade os cientistas políticos Amaury de Souza e Bolívar Lamounier questionam se seriam sustentáveis os índices de crescimento dessa nova classe média. Talvez essa onda de protestos responda, ao menos parcialmente, está pergunta, ou seja, estaria esta classe em ascensão percebendo que estariam perdendo espaço de crescimento e resolveram reagir? Seriam eles o tal gigante a que acordou? Seria um medo latente de boa parte dessa nova classe C voltar à linha da pobreza? Importante ressaltar que os “94,9 milhões de brasileiros que compõem a nova classe média correspondem a 50,5% da população – ela é dominante do ponto de vista eleitoral e do ponto de vista econômico. Detêm 46,24% do poder de compra e supera as classes A e B (44,12%) e D e E (9,65%).”
De acordo com dados do instituto de pesquisa Data Popular, a classe C é responsável por 78% do que é comprado em supermercados, 60% das mulheres que vão a salões de beleza, 70% dos cartões de crédito no Brasil e 80% das pessoas que acessam a internet. “A nova classe média movimenta R$ 273 bilhões na internet por ano somente com seu salário”. Apesar de todo esse crescimento temos graves problemas com a saúde pública. Não se tem leitos hospitalares para internações, hospitais sucateados, sem equipamentos, péssimo atendimento, faltam cotas para exames, profissionais de saúde despreparados, enfim não temos uma saúde digna e capaz de corresponder às necessidades do povo. A questão do transporte público pago a preço de ouro para as empresas que exploram os serviços e caros para o bolso do cidadão é o mote para todos os demais protestos que estão ocorrendo. A questão do saneamento básico, do desmatamento, das áreas faveladas e marginalizadas, da falta de empregos, da falta de moradias, dos preços abusivos dos alugueis e da corrupção, etc. No tocante a questão da perda do valor de nossa moeda já vivemos tantos solavancos e estamos às voltas com novo período inflacionário, que ainda consegue ser mascarado com algumas ações, mas que já influi diretamente na qualidade de vida.
O governo gasta muito consigo mesmo. Em 2013 a Câmara dos Deputados e o Senado Federal devem gastar juntos R$ 8,5 bilhões, o equivalente a 23 milhões por dia. Há também outros auxílios concedidos, como o “auxilio paletó” com valor de 63 milhões/ano. Isso tudo pago com o assalto em nossos bolsos de uma carga absurda de impostos. E há quem critique o bolsa família, em geral concedida para famílias de extrema carência. Creio que tudo isto está latente na cabeça do povo e, vendo a imensa fortuna sendo liberada para construções e reformas de estádios para a próxima copa do mundo, o que estava latente, contido, “explodiu” na forma de protestos.
No momento da redação deste artigo (19-06, por volta das 18h20min), os governos dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro e o da prefeitura de São Paulo recuam nos aumentos do transporte público, argumentando que os investimentos nesta área vão ser prejudicados. Ficaram com medo do gigante que acordou? Quem é esse gigante? Vão cessar os protestos?
terça-feira, 12 de março de 2013
Droga de Vida ou Vida de drogas.
Segundo o último Relatório Mundial sobre Drogas publicado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime UNODC - 26.06.2012, "A heroína, a cocaína e outras drogas continuam matando cerca de 200.000 pessoas por ano, devastando famílias, levando à miséria milhares de pessoas, bem como gerando insegurança e a disseminação do HIV". Está estimado que cerca de 230 milhões, ou 5% da população adulta mundial (de 15 a 64 anos de idade), utilizaram alguma droga ilícita pelo menos uma vez, em 2012. Além disso, o Relatório aponta que os usuários problemáticos de drogas, principalmente as pessoas dependentes de heroína e cocaína, totalizam cerca de 27 milhões, cerca de 0.6% da população adulta mundial, ou 1 em cada 200 pessoas. São números alarmantes e crescentes.
Veja que não é o crack, como se propaga, a droga mais consumida, porém é muito devastadora em suas ações. Está na mídia atualmente a morte do vocalista Chorão. Como já se tornou público e declarado pela ex-mulher, as drogas consumiram sua vida. Muitos dos seus amigos, geralmente os do meio artístico, exaltaram a figura do Chorão e até defenderam o seu uso de drogas, justificando ser maior e que pagava suas contas. Naturalmente todos nós temos defeitos e imperfeições e, obviamente virtudes. O problema é quando os defeitos e imperfeições superam nossas virtudes
Mas não se pode esquecer de que o uso de drogas é sempre uma escolha do individuo. Não se pode atribuir a culpa a terceiros, como estão tentando fazer com mais um personagem famoso, como tantos outros que já perderam suas vidas para as drogas, culpando pessoas por isso. A família do Chorão culpa a ex-mulher por abandoná-lo na hora em que ele mais precisava dela, os amigos escondem que fosse usuário de drogas e exaltaram sua personalidade forte, de Bady Boy, como se isso fosse uma virtude que lhe permitisse ser um dependente químico. Gostemos ou não, famosos são modelo para a sociedade. O que é muito grave é que são formadores de opiniões e carregam consigo milhares de seguidores de suas ideias, músicas, temas e princípios.
Em muitas músicas a banda Charlie Brow Jr faz apologia as drogas, justamente pelo fato de seu líder ter sido um dependente químico. Com certeza os fãs da banda discordarão desta analise, mas os fatos estão ai. Todos temos responsabilidades sociais. Na experiência profissional já ouvi muitos relatos de usuários que declaravam que ao embalo de suas musicas, das musicas de Raul Seixas, Amy Winehouse e outros, consumiam drogas freneticamente, pois se “inspiravam” na melodia e nas letras sugestivas do uso de drogas.
Quando não são referências diretas, como você verá a seguir, elas são de ordem subliminar, ou seja, se passa no subconsciente das pessoas, sem que se deem conta, mas que lhes afetam os comportamentos. No entanto, quem vive em meio às drogas entende claramente o conteúdo. Veja esse trecho da música Ralé: “...Taí, agora é ver botar gás e rodar, rodar. Com os manos apavorar. Nós somos a minoria. Mas nos vamos adiante. Com o que a vida me ensinou eu me torno gigante... Se tiver que ser. Vai ser o que vier. Carro, droga, treta, mulher”. Obviamente o envolvimento da melodia não permite que as pessoas se deem conta da “trama” da letra, isso é o que chamamos de ação subliminar na consciência. Já na letra a seguir, Com Minha Loucura Faço Meu Dinheiro, Com Meu Dinheiro Faço Minhas Loucuras, o texto é objetivamente claro e vai direto ao ponto do mundo das drogas: “... Eu mergulhei fundo, tomei de tudo pra tentar chegar ao fim de um poço de um mundo sujo que só me impõe princípios, objetos, valores falidos princípio, objetos de valores falidos”. Mais adiante na letra, Chorão refere-se a um momento de sua vida em que vivia longo período de abstinência da cocaína, que era sua droga de uso frequente: “... Demorei a enxergar por conta das respostas que eu não tinha naquela hora, mas se eu tivesse enxergado há muito tempo eu já estaria na boa como estou como estou agora...” Mais objetivo e direto do que na letra da música Liberdade Acima de Tudo, impossível: ”Se quiserem me internar não deixem, deixem-me exercer minha loucura em paz se quiserem me internar não deixem, deixem-me exercer minha loucura em paz porque eu nasci pra ser maluco e te fazer a tradução do que é ser um bom maluco do que é ser um maluco sangue bom...”.
Segundo os dados biográficos de sua trajetória existencial, teve diversas internações, sem nunca ter concluído nenhuma delas, pois vivia na estrada com a Banda. A mídia e os familiares justificam que sua entrada nas drogas foi em razão de sua vida sofrida, separação dos pais, etc., antes do sucesso. Porém, não soube aproveitar o sucesso para uma “boa vida”.
Era dado como um sujeito bondoso, solidário e altruísta, que são virtudes importantes na vida de uma pessoa, porém muito pouco fez por si mesmo, como ocorre com todo dependente químico, que não cuida de si mesmo, não se ama, não se valoriza e não se respeita. Por isso perdem a vida para as drogas. Em muitas de suas letras, muito boas por sinal, cantou um mundo feliz, de liberdade, de pleno amor, de crescimento para todos, mas foi vítima de si mesmo. Uma pena, pois era músico de talento. Possivelmente a mídia vai exaltar sua trajetória de sucesso na música. É inegável que foi uma banda de grande sucesso. Talvez façam até um filme, como ocorreu com outro ícone – Cazuza – porém, não darão ênfase ao mais importante: a droga pode matar e mata. Mas como tudo passa, logo estará esquecido, pois outro assumirá seu posto. Droga de vida ou vida de drogas.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
DROGAS: A polêmica das internações compulsórias
Estima-se que cerca de 1,2 milhão de brasileiros usem crack. Em geral, o uso se inicia por volta dos 13 anos de idade, entre jovens pobres das periferias, em sua maioria negros e com baixa escolaridade. Os dados são do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE 2010). A população de rua é a mais afetada, e aqueles que não moram na rua são levados a esta situação com frequência. Os dependentes de crack ficam, assim, vulneráveis a todo tipo de violência e situação de risco. O crack não traz apenas consequências no campo das doenças, mas coloca os dependentes em situação psicossocial degradante. Entre as doenças e distúrbios causados pelo crack, estão infecções diversas, pneumonia, abscesso pulmonar, hemorragias, inflamação nos vasos sanguíneos e hipertensão pulmonar. O crack também ocasiona a perda de peso, perda dos dentes e alterações neuropsicológicas como a perda significativa de atenção, memória e linguagem e perdas cognitivas graves. Ao contrário do que se pensa, não é o uso do crack diretamente o que mais mata. Um estudo realizado com usuários de São Paulo revelou que 57% dos acompanhados morreram por homicídio. Em segundo lugar, está a morte por Aids, com 26%, e apenas 9% foram vítimas de overdose.
É desnecessário dizer que a saúde pública no Brasil é um caos. Não existem vagas nem profissionais devidamente qualificados para atender os dependentes no sistema público. Drogas como o crack agem de maneira tão agressiva no corpo do usuário que não permitem que ele entenda a gravidade de sua situação e o quanto seu comportamento pode ser nocivo para ele mesmo e para os outros. A internação contra a vontade do paciente está prevista no Código Civil desde 2001, pela Lei da Reforma Psiquiátrica 10.216, mas a novidade agora é que o procedimento seja adotado não caso a caso, mas como uma política de saúde pública - o que vem causando a polêmica da compulsoriedade das internações. Os que se colocam a favor do projeto argumentam que um em cada dois dependentes químicos apresenta algum transtorno mental, sendo o mais comum a depressão. A base são estudos americanos como o do Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH, na sigla em inglês), de 2005. Mas vários médicos, psicólogos e instituições como os Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs), contrários à solução, contestam esses dados. Não existem estudos brasileiros nesta área. Os defensores da internação compulsória afirmam que o consumo de drogas aumentou no País inteiro e são poucos os resultados das ações de prevenção ao uso. A proposta tem o apoio do ministro da Saúde Alexandre Padilha, que acredita que profissionais da saúde poderão avaliar adultos e crianças dependentes químicos para colocá-los em unidades adequadas de tratamento, mesmo contra a vontade dessas pessoas. O Conselho Federal de Medicina (CFM) também é a favor da medida. Porém, muitos usuários entram em surto psicótico em face do consumo contínuo e abusivo do crack. Nesse contexto, não têm condições de decidir sobre a submissão aos tratamentos possíveis. Querem continuar usando a droga, mesmo que isso lhes custe a própria vida. É nesse cenário devastador que a lei prevê a possibilidade de internação compulsória. Ressalve-se, entretanto, que, para que essa internação aconteça, são necessários laudo médico e decisão judicial. A internação nessas hipóteses não impõe violação aos direitos humanos, ao contrário, resguarda-os. Atualmente estão previstos três tipos de internação (artigo sexto da lei 10.216): voluntária, involuntária e compulsória. A primeira pode ocorrer quando o tratamento intensivo é imprescindível e, nesse caso, a pessoa aceita ser conduzida ao hospital geral por um período de curta duração. A decisão é tomada de acordo com a vontade do paciente. No caso da involuntária (Art. 9º da lei 10.216 - a internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz competente, que levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários), ela é mais frequente em caso de surto ou agressividade exagerada, quando o paciente precisa ser contido, às vezes à força. Nas duas situações é obrigatório o laudo médico corroborando a solicitação, que pode ser feita pela família ou por uma instituição. Há ainda a internação compulsória, que tem como diferencial a avaliação de um juiz (nosso judiciário é burocraticamente lento), usada nos casos em que a pessoa esteja correndo risco de morte devido ao uso de drogas ou de transtornos mentais. Essa ação, usada como último recurso, ocorre mesmo contra a vontade do paciente. Em São Paulo, uma solução dada pela prefeitura foram os convênios com as chamadas comunidades terapêuticas, quase sempre religiosas, sem equipes de saúde capacitadas para receber os dependentes. Maus-tratos, violência física e humilhações são constantes nessas comunidades. Há registros de tortura física e psicológica e relatos de casos de internos enterrados até o pescoço, obrigados a beber água de vaso sanitário por haver desobedecido a uma norma ou, ainda, recebendo refeições preparadas com alimentos estragados. “A prefeitura compra leitos nestas instituições privadas passando a ilusão de que isso configura um bom atendimento aos portadores de drogadição”, afirma Ary Blinder, médico psiquiatra da rede pública de saúde. Especialistas também questionam a internação como um tratamento indiscriminado. Em primeiro lugar, quando se trata de saúde mental, cada caso é um caso. A evolução dos problemas e, logo, o tratamento dependem de uma combinação de fatores biológicos, psíquicos e sociais. Em segundo lugar, a taxa de recaída para a dependência de drogas é altíssima, variando entre 40% e 60%. O Estado não oferece nenhuma política para estes casos. Isso leva à conclusão inevitável de que a internação compulsória nada mais será do que uma espécie de detenção. Em se tratando de crianças e adolescentes, a realidade é caótica. Onde interná-los? Não dispomos de instituições adequadas ou preparadas para tal fim. O modelo de internação involuntária de usuários de drogas, que começou a vigorar dia 21 janeiro em São Paulo, é vista pelo juiz Samuel Karasin, coordenador da Vara da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), “como uma oportunidade de se dar prioridade à população vulnerável da cidade - aquela que corre risco de morte por conta do vício ou ameaça a integridade de outras pessoas. As internações só deverão ocorrer nos casos mais críticos. É só para se estabilizar o paciente. É preciso deixar claro que o tratamento não é em regime de internação, mas sim de ambulatório”. Atentemos para a fala sensata do juiz em questão. É necessário cuidados com a presunção salvacionista, principalmente de agentes da lei, que querem dar respostas à sociedade, a qualquer preço. Precisamos tirar o foco emocional do problema e colocá-lo dentro da razão das necessidades das partes envolvidas: Família, Sociedade e o Estado. Em tempo estaremos criando um projeto de política pública municipal de atenção ao dependente químico de Tupã (projeto em fase de elaboração), que é o CAPSad - Centro de atenção psicossocial ao dependente de álcool e drogas.
Assinar:
Postagens (Atom)