Grandes tragédias que marcaram a humanidade
O ser humano é acometido por
doenças desde que o mundo foi criado. Elas sempre existiram. Parte delas era
desenvolvida primeiramente entre os animais e só começou a atingir o homem
quando os parasitas e micróbios sofreram mutações. Mas enquanto o homem
primitivo viveu disperso, pouca coisa aconteceu com relação à saúde dele.
A pandemia de Peste Bubônica,
uma das calamidades mais devastadoras da humanidade, que aterrorizou a Idade
Média aconteceu mais fortemente entre 1347 e 1351 na Europa. Transmitida pelas
pulgas dos ratos, a moléstia alastrou-se pelo continente e dizimou
aproximadamente um terço da população da Europa. As péssimas condições de higiene
e saneamento básico foram os motores que ajudaram a doença a se espalhar. Num
estágio mais avançado, a doença começou a se propagar por via aérea, através de
espirros e gotículas.
Segundo dados históricos, é
possível que esta terrível doença tivesse início na China também assolada por
devastações impiedosas durante 14 anos consecutivos no século XIV. A Peste Bubônica
matou 75 milhões de pessoas (na Europa e países do Oriente) e foi a maior
tragédia que se abateu sobre o globo terrestre até hoje. Como ainda não havia
um desenvolvimento satisfatório da ciência médica nesta época, não se sabia as
causas da peste e tampouco os meios de tratá-la ou de sanear as cidades e vilas.
Neste período da história humana, a igreja católica condenava pesquisas como
fossem atos de bruxaria. Muitos afirmam que a peste impulsionou o Renascimento,
pela necessidade de se pensar em novas estratégias de comércio e trabalho. A
tragédia exigindo soluções.
No final da primeira Guerra
Mundial, em 1918, uma pandemia do vírus influenza se espalhou por quase
todo o mundo. Estudiosos da época indicam que a gripe espanhola afetou 50% da
população mundial. O número de mortos ficou entre 20 e 70 milhões de pessoas,
segundo a norte-americana Gina Kolata, autora do livro "Gripe: A História
da Pandemia de 1918". A doença foi causada por uma virulência incomum e
frequentemente mortal de uma estirpe do vírus Influenza A, do subtipo H1N1. “A
gripe de 1918 acabou tão misteriosamente como surgiu.” Portanto, a possível tragédia
que o Corona vírus poderá provocar não será a primeira a ser enfrentada pela
humanidade. E, convenhamos, na atualidade dispomos de maiores e melhores
recursos do que as anteriores.
No Brasil, os primeiros casos
foram verificados em setembro de 1918. Mais de 300 mil brasileiros faleceram
por complicações da gripe, inclusive o presidente eleito Rodrigues Alves, que
devido ao estado de saúde não tomou posse. Ele faleceu em janeiro de 1919. Até
hoje é a mais devastadora epidemia da nossa história.
“Em todo o Brasil, os hospitais
estão abarrotados. As escolas mandaram os alunos para casa. Os bondes trafegam
quase vazios. Das alfaiatarias às quitandas, das lojas de tecido às barbearias,
o comércio todo baixou as portas — à exceção das farmácias, onde os fregueses
disputam a tapa pílulas e tônicos que prometem curar as vítimas da doença
mortal.”
Na cidade de São Paulo, a
população em peso recorre a um remédio caseiro: cachaça com limão e mel. Surgindo
assim, a famosa caipirinha, em alusão a uma peça de teatro, em cartaz a época,
com o mesmo nome.
Quer compreender melhor a tragédia
de 1918, acesse o link https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-03-16/em-1918-gripe-espanhola-espalhou-morte-e-panico-e-gerou-a-semente-do-sus.html
Entre os anos 1896 e 1980 a Varíola,
doença que atormenta a humanidade há milhares de anos, virou uma epidemia sem
precedentes. Transmitido por vias respiratórias. Especula-se que o vírus da
varíola existisse desde antes, mas foi na Europa do século XVIII que ele fez
estragos, matando milhões de pessoas. Para piorar, quando os conquistadores
europeus chegaram às terras americanas, contagiaram os indígenas. Finalmente,
todos os países entraram em um acordo para unir forças e erradicar essa doença.
Por isso, em 1803 foi realizada a Operação Balmis, em que o médico com esse
nome percorreu o mundo com a vacina. Na atualidade foi erradicada.
O vírus Cólera, entre o período
de 1817 a 1824, provocou centenas de milhares de mortos. Conhecido desde a
Antiguidade, teve sua primeira epidemia global em 1817. Desde então, o vibrião
colérico (Vibrio cholerae) sofreu diversas mutações, causando novos ciclos
epidêmicos de tempos em tempos. O vírus da cólera libera uma toxina que provoca
diarreia intensa e o portador da doença pode acabar morrendo por desidratação.
Seu espalhamento é similar ao de poliomielite: água e alimentos infectados pelo
vírus são a principal maneira de infecção. Segundo a OMS, 100 a 120 mil pessoas
morrem todos os anos devido a doença, que poderia ser erradicada com vacinação
e saneamento básico universal.
A doença do vírus Ebola (DVE)
é considerada uma das mais graves e mata em um a cada dois casos. Os primeiros
surtos foram em aldeias remotas na África Central, perto de florestas
tropicais, nos anos 70. Entre 2014 e 2016, houve o maior e mais complexo surto
na África Ocidental, que resultou em 28 mil casos e 11 mil mortes. Desde julho
de 2019, a República Democrática do Congo vive uma epidemia da doença, ainda
não controlada. Até agora, há 3,4 mil casos e 2,2 mil mortes.
A última grande pandemia no
mundo foi em 2009, com o vírus H1N1, conhecida como gripe suína. Segundo a
OMS, mais de e 200 mil pessoas foram vítimas da doença e 18 mil morreram. A
pandemia terminou em agosto de 2010.
O Coronavírus (Covid-19), é
a mais recente “novidade” a respeito de um vírus letal. Naturalmente pegou a
humanidade de surpresa. Tal acontecimento, a exemplo dos que houveram no
passado, empurra a humanidade para uma nova ética do convívio social.
Precisaremos adotar uma postura de resiliência, que implica em desenvolvermos
habilidades e capacidade de enfrentar a inúmeras adversidades que este vírus
está provocando.
A necessidade de um convívio
social determinou a formação de núcleos populacionais, para maior proteção da
espécie humana, desenvolvimento de habilidades naturais e capacidade de
enfrentar inúmeras adversidades. Este fator de resiliência contribui de forma
insofismável para o comportamento do homem no tocante ao enfrentamento das
grandes catástrofes e epidemias.
Como lição, em geral todos os vírus,
movem mudanças de hábitos e comportamentos e de decisões das lideranças dos países
afetados, para que possam proteger a população. Países onde o estado mínimo existe,
caso do Brasil, que inclusive vive um congelamento no orçamento por 20 anos nas
áreas de saúde e educação, resultado da aprovação da Proposta de Emenda
Constitucional 241, aprovado no governo Temer em 2016, como uma solução para o hipotético
rombo fiscal que sempre motiva congelamentos no orçamento, que em verdade nunca
é solucionado. Quando da aprovação desta PEC alegaram que seria bom,
especialmente, para os pobres. É sabido que a iniciativa privada não atende aos
interesses coletivos, antes somente de grupos de rentistas gananciosos, comprovando
que o lucro no capitalismo esta cima da vida, pois, e aprofundam a desigualdade
social, pois, não enxergam que a solidariedade é a base do bem comum. O que não
se pode é ressurgir o refrão da tragédia de 1918: “A epidemia escancara uma
deficiência grave do Brasil: em termos de saúde, os pobres estão ao deus-dará.”
O desafio de superar mais uma tragédia
está posto. Dependerá de um conjunto de medidas para que saímos o menos possível
chamuscado desse incêndio chamado COVID-19.
Concluo, com um ato de fé, dito
por Martinho Lutero, durante a Peste Bubônica: ”Pedirei a Deus para,
misericordiosamente, proteger-nos. Então farei vapor, ajudarei a purificar o
ar, a administrar remédios e a tomá-los. Evitarei lugares e pessoas onde minha presença
não é necessária para não ficar contaminado e, assim porventura infligir e
poluir outros e, portanto, causar a morte como resultada da minha negligencia. Se
Deus quiser me levar, ele certamente me levará e eu terei feito o que ele
esperava de mim, e portanto, não sou responsável pela minha própria morte ou
pela morte de outros. Se meu próximo precisar de mim, não evitarei o lugar ou a
pessoa, mas irei livremente conforme declarado acima. Veja que essa é uma fé
que teme a Deus, porque não é ousada nem insensata e não tenta a Deus”. Saudações.